segunda-feira, 27 de maio de 2013

Liberdade artística versus mercado: a velha discussão

por Alexandre Lobão*

Volta e meia sou abordado por escritores iniciantes em palestras ou por e-mail, perguntando-me sobre os limites da assim chamada “liberdade literária”. Basicamente as perguntas, ainda que variadas, giram em torno da mesma questão: quanto de liberdade podemos usar quando produzindo um texto, e quanto precisamos nos ater a regras?

E que regras são estas, afinal? Diálogo precisa começar com travessão? Podemos escrever com erros de português, se estivermos representando um personagem que fala ou escreve errado? O narrador pode ter sotaque ou usar adjetivos ao descrever alguma cena? Podemos escrever um livro da mesma forma que falamos? E da mesma forma como escrevemos em um blog?

A pergunta, obviamente, é capciosa, e a resposta ainda mais. Até porque a discussão pode descambar para outra questão sem resposta: como, afinal, medimos a “qualidade” de um texto literário?
No meu entendimento, o autor pode fazer o que quiser quando está escrevendo – tudo depende do público-alvo que deseja atingir. Em outras palavras, quando o artista decide o grau de liberdade que deseja exercer em sua arte, de certa forma ele também define seu “mercado” – usado aqui de forma ampla.
E ainda que seja lugar comum escritores afirmarem que “escrevem para si mesmos”, a escolha do públicoalvo é inevitável. A diferença é que um autor que esteja consciente desta escolha pode direcionar seu trabalho para melhor atender seu público. (...)


A diferença entre escrever um livro com a meta de publicá-lo por uma editora e escrevê-lo tendo em vista os leitores em geral é que as editoras são mais rígidas que os leitores em suas avaliações, então erros e excentricidades que poderiam ser perdoados por um leitor comum não o são pelos editores. Desta forma, é pouco recomendado, especialmente para novos escritores, produzir um texto com erros propositais, neologismos ou experimentalismos, diagramação complexa como parte integrante da obra, tramas confusas, com muitas reviravoltas, ou qualquer outra coisa que torne a leitura mais difícil. (...)

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