domingo, 28 de setembro de 2014

Livros e Cia

Uma das revelações da literatura policial brasileira esteve em Santos, no litoral de São Paulo. Aos 24 anos, Raphael Montes já teve dois livros publicados e tem quase uma biblioteca em casa, com mais de cinco mil livros. Durante entrevista ao G1, ele falou sobre essa paixão pelos livros e por literatura policial, da dificuldade de ser um jovem escritor e do desejo de fazer sucesso até fora do país.

O carioca Raphael Montes começou a coleção de livros em casa aos 12 anos. “Meu pai coleciona cachaça, minha mãe coleciona sapatos e eu coleciono livros”, explicou durante o bate-papo na Tarrafa Literária. Ele diz que recebe muitos livros e também comprou uma coleção de 900 exemplares de um colecionador que morreu. As obras são separadas por gênero ou nacionalidade. “Eles entram na minha casa e não saem. Eu sou meio enciumado. Agora eu estou me desfazendo de alguns exemplares porque não da pra ler tudo e nem tenho espaço”, diz ele.

'Suicídas' foi o primeiro livro de Raphael Montes (Foto: Divulgação)'Suicídas' foi o primeiro livro de Raphael Montes
(Foto: Divulgação)
De assíduo leitor, ele passou a escritor. Raphael começou a rascunhar a primeira obra aos 16 anos, uma trama policial com uma roupagem moderna. Nesse trabalho, ele sentiu muita dificuldade de conseguir apoio, porque era jovem demais. “Muitos me diziam que eu tinha escrito um livro de 500 páginas, adulto, escrito por alguém de 16 anos e que não tinha como isso dar certo. O livro deu certo”, fala. ‘Suícidas’ foi finalista do Prêmio Benvirá de Literatura, em 2010, do Prêmio Machado de Assis, em 2012, e do Prêmio São Paulo de Literatura, em 2013.
'Dias Perfeitos' será traduzido para vários países (Foto: Divulgação)'Dias Perfeitos' será traduzido para vários países
(Foto: Divulgação)
Depois, veio o segundo livro policial. ‘Dias Perfeitos’, publicado em março deste ano e que teve uma repercussão ainda maior que o primeiro. “A minha literatura policial eu vejo como contemporânea, na medida em que não faz parte dos princípios da literatura policial clássica”, avalia. Ele também escreveu contos que foram lançados em antologias com outros autores e recebeu elogios do autor americano Scott Turow.

Como autor, ele acredita que a literatura pode influenciar a vida real e vice-versa. Ele explica, porém, que essa não é a vontade dele quando se trata de situações policiais. "As conclusões e reflexões que um leitor tem ao ler um livro são pertinentes não só com o que está escrito no texto, mas também a própria vivencia do leitor. Tudo leva a reflexões, mas sem eu que tenha a pretensão de fazê-las com que o leitor as tenha. Eu só quero contar uma boa história, a princípio”, diz.

Aos 24 anos, o jovem escritor já tem planos para o futuro. Ele já está escrevendo, ao mesmo tempo, o terceiro e quarto livro da carreira, que terá um personagem fixo. “Percebo que existe uma demanda no mercado internacional que o autor de literatura policial tenha um personagem fixo. Eu já tinha essa vontade há algum tempo e passou a ser uma obrigação pessoal. Eu acho que é interessante até para sedimentar uma carreira tanto no Brasil como a nível internacional”, fala.

Os dois livros publicados de Raphael foram vendidos para o cinema e vão virar filme. ‘Dias Perfeitos’ vai ser traduzido para nove países. O jovem acredita que é um exemplo para outros escritores em início de carreira de que é possível alçar voos maiores. “O que eu costumo dizer a jovens autores é que nunca se impeça, que eu não tenho nada de especial e que é um caminho a ser trilhado. Existe eu e existem outros. As novas tecnologias, por sinal, facilitam o surgimento de novos autores, de novas maneiras e que conseguem furar o caminho das editoras. Mesmo sendo jovem, acabei seguindo o caminho tradicional”, afirma.

FONTE: http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/09/com-5-mil-livros-em-casa-jovem-vira-revelacao-da-literatura-aos-24-anos.html