domingo, 13 de janeiro de 2013

Times New Roman - Letra Revolucionária


A história da Times New Roman começa em 1929, quando Stanley Morison escreveu uma dura crítica dirigida aos executivos do jornal “The Times”, de Londres, sobre a maneira como usavam a tipografia. Morison, então consultor da empresa tipográfica Monotype Corporation, alertava para o fato de o jornal ser mal impresso e tipograficamente antiquado, conspirando contra sua reputação construída ao longo dos anos. 

O “Times” se orgulhava de ser reconhecido pela tipografia. Em uma das mais famosas aventuras de Sherlock Holmes, “O cão dos Baskervilles”, publicada por Arthur Conan Doyle em 1902, o detetive diz: “A identificação das letras impressas é um dos ramos mais elementares do conhecimento para o especialista em crimes, embora eu confesse que, quando jovem, confundi o ‘Leeds Mercury’ com o ‘Western Morning News’, mas o tipo dos editoriais do ‘Times’ é inconfundível”. 

Perplexos com a audácia de Morison, que ousou desafiar o jornal de quase 150 anos, os diretores formaram uma comissão para analisar as críticas. O detalhado artigo de mister Morison, autoridade já consagrada no campo da tipografia, não deixava dúvidas, e os diretores concluíram que, para o bem de seus leitores, era realmente necessário mudar a tipografia do jornal. 

Quem melhor que o próprio Morison para a tarefa? Ele foi convidado para liderar a reforma. 

Por décadas, a primeira página do “Times” era dedicada exclusivamente aos anúncios classificados. Internamente, as informações ficavam emendadas umas às outras, separadas apenas por títulos minúsculos, compostos na mesma largura das colunas, fazendo do jornal uma massa de textos de leitura quase impossível. Até 1966, quando os classificados foram retirados, o jornal só havia publicado notícias na primeira página em oito ocasiões, entre as quais a vitória em Trafalgar (batalha na costa da Espanha vencida pelos ingleses, comandados pelo almirante Nelson, sobre as frotas de França e Espanha, em 1805) e a morte do ex-primeiro ministro Winston Churchill (em 1965). 


Uma letra compacta e legível 


Ao ser convidado para conduzir a reforma gráfica do “Times”, aos 40 anos, Stanley Morison preparou um documento (“Memorandum on a Proposal to Revise the Typography of The Times”) de 38 páginas, um conjunto de informações técnicas e históricas, e sugeriu uma nova fonte tipográfica que fosse “masculina, inglesa, direta, simples... e absolutamente livre de modismo e frivolidade”. A isso se acrescentavam as recomendações do comitê gestor que pedia que a letra parecesse mais larga, mas não ocupasse mais espaço que a anterior, que fosse levemente mais pesada e acima de tudo altamente legível. 
Fonte.: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/01/12/o-fenomeno-times-new-roman-481987.asp


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